Numa terra de morenos, ser era uma involuntária, vaticinou Clarice Lispector. Sou da época das festas americanas em que os meninos levavam , as meninas levavam , e eu danava com a vassoura. . Em 1990, o no era o loiro, e tudo o que eu queria era ser mais uma na multido. Aos 13 anos, descobri no , através do de Cacá Mourthé, que ser tinha o seu . no do da atriz tinha uma adolescncia, e esta chegou implacável. Superei a , as espinhas e a . Ento o jogo virou: primeiro (amém!), cineminha. Que emoo. Minutos antes de o filme comear, o improvisa: Voc tem uma to corao disparado bizarra. Oi?! Será que ele queria exótica? A dú permanece. O no engrenou, porém peguei . ridículo, confesso que, em da , acreditei verdadeiramente de uma minoria segregada. A minoria ruiva.
Quase 20 anos , recebo o to sonhado para participar de uma do Maneco. Vanessa, minha personagem, entre muitas outras coisas, é gay, e cada comentário preconceituoso que escuto sua sexualidade me dá a de que no tenho a menor do que é ser, de , . Por da personagem, as perguntas em torno do multiplicam-se: o que achei do gay, se eu beijaria outra em cena, ou se já fui cantada por mulheres so indagaes frequentes. No sou socióloga formada pela USP, serei chamada para opinar a gay no das , atriz me posiciono.
Acho o de ninguém ser preconceituoso no Brasil. ? No existe preconceito! Somos um . Ninguém é de ninguém e todo é de todo , no carnaval. Viva a liberdade sexual! , vai um seu te que gosta de . Ou sua filha te que é lésbica... aí que perdemos o rebolado e fazemos o Ir. Imagine, o Brasil a um país que apedreja até a uma que cometeu adultério. A ruiva é polmica. Esse sardento. Tá falando o qu, gringa? pra Irlanda!
Somos hipócritas. Recentemente, durante a euforia momesca da cidade maravilhosa, duas meninas foram espancadas na saída de um , no . Estavam de mos dadas. Enquanto uma delas era chutada e tinha das arrancadas, a outra gritava por , porém, ninguém intercedeu por elas. Nas palavras de Vanessa de Holanda, uma das moas agredidas: () Tinha gente, muita. Tinha segurana, . Era um () eu no vou polícia. No vou porque eles também no se importam () Ontem noite eu me senti minoria. E que ninguém além dos meus pode ser comigo. Nós estamos sós. No dói.
No importa se a minha Vanessa vai ou no beijar outra na , o da verdadeira Vanessa de com sua , e beijá-la quando , na sagrada liberdade do carnaval ou em época do ano.
* para O