Leia o trecho inicial de Alabardas, alabardas, espingardas,

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Mensagempor CMartina » Ter Set 30, 2014 02:51

Leia o trecho de Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas, de José Saramago

"O -se artur semedo e trabalha há quase vinte anos nos servios de faturao de armamento e munies de uma histórica fábrica de armamento conhecida pela razo de produes belona s.a., nome que, convém , pois já so pouquíssimas as pessoas que se interessam por estes saberes inúteis, era o da romana da . mais , reconhea-se. Outras fábricas, mastodnticos impérios industriais armamentistas de peso mundial, se chamaro krupp ou thyssen, esta produes belona s.a. goza de um prestígio único, esse que lhe advém da , baste -se que, na opinio abalizada de alguns peritos na matéria, certos petrechos miltares romanos que encontramos em museus, escudos, couraas, capacetes, pontas de lanas e gládios, tiveram a sua numa modesta forja do trastevere que, segundo foi na época, havia sido estabelecida em roma pela mesmíssima . Ainda no há , um numa de arqueologia ia ao de que alguns recém-descobertos de uma balear provinham dessa mítica forja, tese que seria rebatida por outras autoridades científicas que alegaram que, em to remotos tempos, a temível arma de a que se deu o nome de balear ou catapulta ainda no havia sido inventada. A quem isso possa interessar, artur semedo no é nem solteiro, nem casado, nem divorciado, nem viúvo, está simplesmente da , no porque ele assim o tivesse , por deciso dela, que, sendo militante pacifista convicta, acabou por no suportar mais -se ligada pelos laos da obrigada convivncia éstica e do conjugal a um faturador de uma empresa produtora de armas. Questo de coerncia, simplesmente, tinha ela ento. A mesma coerncia que já a havia a de nome, pois, tendo sido batizada berta, que era o nome da avó materna, passou a -se oficialmente felícia para no de carregar toda a com a aluso direta ao canho ferroviário alemo que ficou célebre na primeira mundial por bombardear paris de uma distncia de cento e vinte quilómetros. Voltando a artur semedo, há que que o da sua é vir a ser responsável pela faturao de uma das seces de armas pesadas em vez da miualha das munies para que tem sido, até , a sua quase exclusiva área de . Os efeitos psicológicos desta entranhada e no satisfeita ambio intensificam-se até nas ocasies em que a administrao da fábrica apresenta novos modelos e leva os empregados a visitar o de provas, herana de uma época em que o alcance das armas era menor e impraticável para exercício de .

aquelas reluzentes peas de artilharia de variados calibres, aqueles canhes antiaéreos, aquelas metralhadoras pesadas, aqueles morteiros de para o céu, aqueles torpedos, aquelas cargas de , aquelas lanadeiras de mísseis do órgo de estaline, era o maior que a lhe podia . Notava-se a ausncia de tanques no catá da fábrica, era já público que se estava preparando a de produes belona s.a. no mercado respectivo com um inspirado no merkava do exército de israel. No podiam escolhido melhor, que o digam os palestinos. Tantas e to fortes emoes quase faziam o ao nosso .

do delíquio, menos asim o cria ele, balbuciava, Água, por , deem-me água, e a água aparecia, pois os colegas já iam de e imediatamente lhe acudiam. Aquilo era mais uma questo de nervos que outra coisa, artur semedo chegou a por . se está vendo, o em questo é um interessante exemplo das contradies entre o e o . das armas de , disparou um , no é sequer caador de de semana, e o exército, as suas evidentes carncias físicas, no o quis nas fileiras. Se no trabalhasse na fábrica de armamento, o mais é que ainda hoje estivesse a , sem outras aspiraes, com a sua pacifista felícia."

(Trecho de "Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas" [Companhia das Letras])

CMartina
 
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