Duas revoltas e o mesmo propósito: o Rio de hoje e a

RIO. Em primeiro de janeiro de 1880, os cariocas inauguraram, por asim , uma modalidade de protesto na cidade: a manifestao . O motivo era , a cobrana de uma de 20 réis (ou um vintém, a menor que existia na época) um dos principais meios de de ento, o bonde puxado a burros. A despeito de reclamaes nos dias anteriores, no primeiro dia da vigncia do , a maioria das empresas simplesmente o repassou para a , atingindo em o dos menos favorecidos.
A foi generalizada e tomou as ruas do em de protesto espontneo, amalgamando outras insatisfaes e ganhando o de diversos setores, entre eles a média dos funcionários públicos e também a mais barra-pesada do e da zona portuária, nas palavras do José Murilo de , da UFRJ. Inicialmente pacífica, segundo os jornais da época, a manifestao descambou para a violncia da ao truculenta da polícia, munida com os longos e grossos cassetetes conhecidos bengalas de Petrópolis.
menos trs morreram
O atacou os policiais com paralelepípedos arrancados do calamento, destruiu trilhos, espancou condutores, virou bondes, esfaqueou animais. A polícia respondeu com mais violncia, abrindo contra os manifestantes, e os protestos acabaram se estendendo até o dia 4. Houve saques, roubos e depredao do patrimnio público por várias ruas do , resultando num saldo de menos trs mortos e vários feridos.
Tirando os burros, a semelhana com o que ganhou as ruas há duas semanas é , segundo historiadores, e sua análise, dizem, pode para a compreenso do fenmeno atual um dos desafios para políticos, cientistas sociais e jornalistas, que se esforam para , , o que está acontecendo no país e por qu.
Para José Murilo de , há semelhanas entre os dois movimentos, para além do do , de 20 réis e de 20 centavos.
Passagens, em 1880 hoje, pesam no dos usuários. O ato de foi um gatilho ento e é afirma o .
Segundo o Marcos Breta, também da UFRJ, os transportes urbanos foram um dos principais motivos de distúrbios populares no Rio de Janeiro.
um sensível porque envolve praticamente todo ; é o da cidade diz. E para quem tem um oramento , 20 réis ou 20 centavos pesam no . um que no.
O distanciamento partidário dos manifestantes é por Sandra Graham, no O do Vintém e a política no Rio de Janeiro 1880, na Brasileira de História, uma daquela . Segundo ela, os protestos se converteram numa de até ento utilizada, de a violncia da rua em integrante da equao política e, assim, a política das salas do para as praas da cidade.
apontam analistas hoje, se alguma se pode é que as manifestaes deixaram o distanciamento entre e .
De , o de 1880 foi imediatamente revogado direto do , o das passagens de nibus na semana .
Os atos de vandalismo de dos manifestantes e a violncia policial so outras semelhanas apontadas por José Murilo de .
Em 1880, houve quebra de bondes e destruio de trilhos. , a violncia foi agravada ato do comandantes da do Exército destacada para os manifestantes relembra. No de So Francisco, atingido por uma atirada por um manifestante, ele deu de , da qual resultaram mortos e feridos.
Para Bretas, do A das ruas: e polícia na cidade do Rio de Janeiro, a polícia hoje é mais preparada do que foi, embora ainda haja um a .
Tradicionalmente, a polícia é preparada e também pela populao. Ela foi odiada explica Bretas. Oriunda de um escravista, ela é aquela que pode nas pessoas, que é violenta em relao ao e aos que no tm . Por sua vez, os policiais eram recrutados fora, eram preparados, pagos e também chicoteados por seus superiores.
Tradio escravocrata
José Murilo de concorda.
O das manifestaes populares era já naquela época a polícia. Seguramente, nossas polícias continuam no sabendo com essas manifestaes sustenta. a Primeira República, nossas polícias foram militarizadas, que se exacerbou durante a . Sua mentalidade e seu treinamento tm que ser reformados.
A , na análise de Bretas, capitalizou formas policiais já consagradas, que existiram. , diz, no causassem por seguirem uma tradio escravocrata e serem dirigidas a classes menos favorecidas.
A gente só comeou a estranhar na época da porque comearam a na média opina o . O do pós- é a noo de que os direitos humanos so para todo .