Cerco ao trabalho degradante na área txtil se fecha n

Cerco ao trabalho degradante na área txtil se fecha n

Mensagempor ACatia » Qui Jun 06, 2013 12:23

Cerco ao degradante na área txtil se fecha no Brasil

So Paulo e Rio - Marisa (nome fictício de uma boliviana de 38 anos) deixou tudo para trás quando trocou Potosi, uma das cidades mais altas do (3.967 metros de altitude), Brasil: , pais e de digitadora da Justia Eleitoral . O salário, de dois bolivianos (que hoje valem de R$ 588,80) por ms, e a no motivaram a mudana para o Brasil. Ela migrou sem para onde ia. Contou aos pais simplesmente que tinha sido convidada para integrar um projeto da Justia Eleitoral em outro da Bolí.

Marisa chegou a So Paulo em 2010, de um anúncio numa rádio da sua cidade natal, que dizia vagas para pessoas que soubessem ou no costurar. A primeira ao no podia sido melhor: um país lindo e gigante. Só que, contratada por bolivianos para na paulista, Marisa acabou engrossando, indiretamente, as estatísticas oficiais do contemporneo no Brasil, no de vestuário.

No ano em que ela chegou ao país, os fiscais da Diviso de Fiscalizao para Erradicao do , órgo ao Ministério do e (MTE), resgataram 2.628 trabalhadores, entre urbanos e rurais. No ano seguinte, outros 2.491 foram libertados, entre eles algumas costureiras Marisa, que trabalhavam em oficinas que vendiam produtos para redes, a espanhola Zara, do Inditex gigante do da . Seu é o multimilionário Amncio Ortega, que consta da dos homens mais ricos do .

Fui tratada escrava, um lembra Marisa, que, de se recusar a , ameaar a e para , acabou recebendo autorizao para ir embora .

O calvário comeou ainda na para o Brasil, que Marisa fez na companhia de outros seis bolivianos, entre eles um beb.

Mesmo tendo sido informada pelos futuros patres que no precisava levar , Marisa, precavida, colocou R$ 200 na bolsa, que acabaram sendo entregues na , em Corumbá (MS). Após quatro dias de , Marisa desembarcou em So Paulo e foi para uma misto de e oficina de costura onde moravam outras 12 pessoas (sendo trs delas crianas). Eles dividiam trs quartos e disputavam um único banheiro. , lembra, era trs vezes por semana e, ainda asim, de água fria:

Dormia num com um e uma criana, filha deles. Chegamos na cidade num sábado e, no domingo, a que nos contratou informou que precisávamos comear a imediatamente. Se ávamos para ir ao banheiro, a dona da oficina falava que as nossas necessidades podiam e que o servio era para aquela hora.

Marisa diz e comido estragados.

Permisso para de ela só recebeu de um ms trabalhando sem . A comeava s 7h, duas antes do desjejum, e seguia até s 23h, com rápidos intervalos para almoo e um lanche, noite. no terminasse o servio, era obrigada a até s 2h da . Ao final de um ms de , R$ 160 de remunerao, que Marisa diz sido obrigada a para saldar a dí contraída com a da de nibus para So Paulo.

Cerceamento do de ir e vir, de intensa e servido por dí so alguns dos abusos aos quais Marisa foi submetida. Sua trajetória no é um . Escndalos envolvendo trabalhadores em condies análogas ao a servio de marcas renomadas do da vm manchando a imagem de empresas do setor globalmente.

O mais no Brasil, da Zara, ocorreu em maro último quando os fiscais do MTE flagraram, a poucos quilmetros de distncia do So Paulo Fashion Week, 29 bolivianos trabalhando em confeces clandestinas na Zona da cidade. Eles trabalhavam para o GEP, da Cori, e recebiam R$ 4 por pea confeccionada. A era de 12 horas diárias.

suja

Nem a Zara nem a GEP foram incluídas na suja do . O no é automático, e, de tempos em ,s ele vai sendo atualizado. feita uma minuciosa. Há um de dados para do e das denúncias. Neste período, o ministério dá chances s empresas para cumprirem a legislao. Cabe ao empresário com a esclarece Daniel Santini, um dos coordenadores da ONG Repórter Brasil, entidade que auxilia a Organizao Internacional do (OIT) no de dados esse , asim o MTE.

A Zara afirma que já tomou diversas medidas para contribuir com a eliminao de práticas trabalhistas irregulares na sua produtiva. De janeiro de 2012 a abril de 2013, já foram realizadas 562 auditorias em oficinas terceirizadas. A empresa alega que também prestou auxí regularizao migratória de 13.700 pessoas e criou um fundo de emergncia para atender vítimas do , onde foram registrados 40.127 atendimentos. O disque-denúncia foi outra que a Zara Brasil implementou, asim a criao do servio 0800, com atendimento trilíngue (portugus, e ingls) para também denúncias gravadas.

Os executivos da GEP, por sua vez, assumiram a , pagaram indenizao de R$ 25 por cada libertado e mais R$ 450 ao MTE e entidades de ao e degradante. A imagem das marcas, no entanto, foi manchada e as empresas esto lutando contra o para no repetirem o Nike, o maior de artigos esportivos do , que sofre até hoje os efeitos do escndalo dos anos 90, quando veio a público a explorao de infantil em uma de suas fábricas.

Os consumidores tm o de e podem questionar as empresas esto comprando escravido. Eu acho que a maioria das pessoas no quer por de avalia a ex-CEO da Ford Models e presidente da ONG Freedom for All (Liberdade para Todos, na traduo em portugus), a americana Katie Ford, que esteve em So Paulo em meados de maio participando de seminário para o contemporneo.

do consumidor

Na perseguio ao , a ONG Slavery Footprint desenvolveu um site onde se pode quantos trabalhadores escravos esto envolvidos na produtiva dos produtos que fazem do estilo de de cada um. Através do endereo slaveryfootprint.org é possível obter o número de pessoas que podem em condies análogas ao em determinados segmentos, vestuário, alimentao, cosméticos e eletrnicos. As duas repórteres que asinam essa reportagem teriam juntas 185 escravos. fossem consumidoras de produtos de tecnológicos de última gerao, provavelmente esse número dobraria.

E se o é transparncia no , a empresa belga Honest by oferece suas pesquisas de matérias-primas e servios para que a produo seja mais sustentável e menos agresiva ambientalmente. Nele, o consumidor acompanha o de produo, da plantao do algodo, por exemplo, até a pea nos pontos de venda.

No há investidores, somos uma empresa privada. No , íamos de para que mais pessoas possam decises conscientes a que esto comprando, na , antes de . um projeto revolucionário no da , acreditamos que somos a única empresa 100% diz Martijn van Strien, da empresa.

So Paulo, que costuma ser das fiscalizaes no setor de , entrou na .

Temos que estar atentos s novas formas de explorao de e situaes aviltantes, que criam concorrncia . A maior sano é a proibio de a atividade. So Paulo deu o primeiro e esperamos que os estados faam o mesmo anunciou recentemente o governador Geraldo Alckmin, que asinou uma que prev o das empresas denunciadas.

O boicote dos consumidores e as medidas restritivas adotadas público so do cerco ao , que ainda com o de presso dos próprios investidores.

O maior impacto nesses casos no é a de consumidores devido a boicotes, porque a memória da populao é de palha, o de que investir em determinada empresa seja avalia Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil. As quedas de aes no so perenes, nem duradoras. Quando acontece o problema, elas caem, se recuperam. Só que isso no importa. Mesmo que as aes voltem a , o é que houve uma por de um problema aos direitos humanos.

A repercusso do da Zara, por exemplo, cruzou o Atlntico e, nos dias que se seguiram ao escndalo, aes da empresa caíram 3,72% na Bolsa de Madri, tendo a 4% no pico.

Enquanto as empresas se enquadram, alguns consumidores já comeam a mo do seu de deciso para os infratores. o que salienta o - do no Brasil, Luís Camargo, que está de que se a média captasse o , seria uma revoluo:

Um dia desses estava indo um chocolate quente com minhas filhas num shopping em Brasí e presenciei uma cena que me emocionou. Passávamos em uma da Zara e um , que caminhava com a , disse para ela no naquela porque a empresa usa .

Esse de e de mo de infantil so dois assuntos recorrentes nos estudos da carioca Lilian Berlim, autora do e sustentabilidade:

Nesse , existem 100 milhes de pessoas no plantando, regando, pulverizando, descaroando algodo, tecendo, cortando, tingindo, costurando, bordando, tricotando, empacotando e vendendo . No se sabe ao quantas dessas pessoas trabalham em condies degradantes e quantas delas so crianas.

O coordenador de ao da OIT no Brasil, Luiz Machado, está de que o consumidor tem todas as condies de presionar as empresas a mudarem de postura:

Muitas pessoas no tm essa preocupao, querem , no final das contas, pouco, no importa o que está por trás do comprado. No sei se o boicote a empresas é o , com é possível uma presso. O consumidor dita as regras do mercado.

Nike vira o jogo para imagem

A amarga que a Nike aprendeu o dos anos 90 serviu para que a empresa se baseasse na transparncia durante os processos de produo. A empresa hoje no em reposicionamento.

O da no é de se reposicionar. Temos uma por ser transparentes e sustentáveis, o reposicionamento é que vem com o diz o porta- da empresa no Brasil, Mario Andrada, comentando a polmica que prejudicou a imagem da empresa, quando esta foi associada ao episódio em que crianas asiáticas trabalhavam para confeccionar produtos em oficinas terceirizadas, em 1997.

Segundo ele, o serviu para nortear as diretrizes que levaram a empresa a sua imagem os consumidores.

A Nike foi acusada de . O que aconteceu na década de 90 foi que a empresa descobriu que havia mo de infantil sendo usada. O que é de diz Andrada.

Ele que naquela época a Nike no tinha a importncia de o nível de transparncia nos processos:

Na , ela nem sabia que o problema exista. Foi uma . de tudo, entendemos que no bastava ser uma empresa que a sustentabilidade. Empresas que no so sustentáveis tendem extino.

O primeiro foi o relacionamento com fornecedores. na questo trabalhista, que abrange e justia sociais.

Estabelecemos o controle da terceirizao. Asim medidas que contam com a contribuio de todos os envolvidos na , fornecedores, trabalhadores e sindicatos. Conseguimos em ideias inovadoras para solucionar problemas de hora extra e moradias precárias. Há situaes em que precisamos até interferir na das telhas das casas dos trabalhadores. Estamos fiscalizando todos os passos revela Andrada.

Mais que , a empresa tem a meta de ao impacto ambiental no ano de 2025. A é no mais do e, quando for necessário, os recursos naturais em prazo.

As camisas da Seleo Brasileira de Futebol, so totalmente sustentáveis. Abrimos isso para a concorrncia. Eles também podem a nossa fórmula diz Andrada.

As iniciativas so avaliadas consultor e de mercado Nelson Barrizzelli, doutor com especializao em Finanas e Marketing pela Universidade de So Paulo. Ele reitera a importncia da empresa com transparncia:

A Nike é um exemplo. Ela foi afetada seriamente a dos boatos de mo de infantil. Levou anos para se do estigma, , assumiu uma postura de mudana. Apesar de muita gente nem mais, investiram e assumiram o compromisso de transparncia. No há outro .

ACatia
 
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