ISTAMBUL - Ao lado da Praa Taksim, onde normalmente se concentram os protestos contra o em Istambul, na Turquia, há uma rua principal chamada Istiklal, onde ficam os grandes shoppings, restaurantes e hotéis caros da cidade. Foi que teve início a manifestao deste sábado, quando o encerrou as buscas aos corpos do acidente na de , a 260 quilmetros da maior cidade turca, na última tera-feira. Revoltados contra a negligncia e descaso do primeiro-ministro conservador Recep Tayyip Erdogan, que minimizou o episódio que culminou na de 301 trabalhadores, manifestantes se reuniram por das 17h30m, pois a praa principal fora bloqueada pela polícia cedo para a concentrao das pessoas.
No adiantou. Usando capacetes, sujos de carvo e carregando rosas vermelhas, de 20 manifestantes deram início ao protesto com gritos de em memória dos mortos. Ora deitados no cho, ora de pé, aplaudiam um a um os nomes dos mineiros lidos em . A foi chegando aos poucos e se posicionando, se já soubesse tudo o que ia nas horas seguintes.
de policiais acompanhavam a cena de uma barreira formada 50 metros dos manifestantes e apoiados por dois caveires (que na Turquia so brancos). A movimentao de pedestres carregados de sacolas de compras na avenida continuou normalmente; nenhuma cerrou as portas; vendedores ambulantes de castanha, to frequentes os pipoqueiros no Brasil, tampouco moveram seus carrinhos de . os manifestantes, mais numerosos, repetiam a dinmica cada vez mais perto da polícia: deitavam no cho, gritavam palavras de , liam os nomes dos mortos e batiam palmas.
A polícia agia de organizada e estratégica. Quando os manifestantes ficaram próximos barreira formada no da rua, os policiais comearam a filmar absolutamente tudo o que faziam. O início de um protesto na Turquia parece um show de rock, ás: os manifestantes filmam a si mesmos, a polícia filma os manifestantes e a --- e os pedestres, que no economizavam selfies em ao clima de --- filma todo . Com equipamentos discretos numerosos, alguns policiais até anotavam os nomes de alguns dos manifestantes, numa espécie de ata de protesto. Vo até eles, perguntam seus nomes e anotam num caderninho . Aos jornalistas, cobram os crachás e checam com os passaportes (a maioria é freelancer de outros países). Isso tudo enquanto o clima de soava teatral e todos pareciam o espetáculo comear em poucos minutos.
de a cena por quase meia hora, e contando mais de uma de pessoas, entre (muitas) crianas, idosos e deficientes físicos, um deles puxou um pilot do e escreveu palavras de na lataria de um caveiro , que neste estava da barreira policial. E nenhum fez absolutamente , além de ao motorista que chegasse o veículo para trás, desanimando outros manifestantes que aplaudiam o .
s 19h20m, quase duas horas , , grupos de partidos políticos se juntaram ao protesto (so as primeiras bandeiras que aparecem, ás). o que a polícia parecia para comear a os manifestantes com a barreira de escudos e o em direo multido. , as lojas fecham as portas, os vendedores de castanha somem, comea a correria de mulheres de salto, pedintes ciganos, crianas e senhoras muulmanas. A polícia lana uma de efeito moral...duas... e dois grupos de oficiais lanam gás de pimenta contra os manifestantes. Em poucos minutos, a avenida está toda tossindo, pessoas se escondem nas poucas galerias abertas e nas ruas que cortam a principal, onde muitos bares colaram cartazes indicando luto no dia do acidente e ento, no abriram as portas.
Quando a multido está dispersa, os policiais surgem com dois homens presos, recuam a barreira para um dos lados, numa movimentao que parece ensaiada, e vo liberando um a um os pedestres que passavam por por . Continuam fotografando os envolvidos, e jogam outras duas bombas. Neste , so apedrejados por manifestantes e correria esvazia a rua enfumaada. As janelas dos prédios comerciais esto cheias de gente filmando a .
Neste , um grupamento de 30 policiais mulheres dá reforo aos homens, e a ateno o de sequer prenderem o cabelo o e a máscara antigás. Armadas, elas protegem a barreira masculina e continuam a de identificao de manifestantes -- já há mais de uma detida num camburo estacionado na . O clima de ainda duraria meia hora, quando a maioria dos manifestantes já estaria dispersa e as lojas voltariam a funcionar normalmente (além de um show de rock, o protesto parece também uma de vero: poucos minutos de por gás e correria, a rua se enche de turistas novamente). A polícia, no entanto, ficou na regio até o sol , o que em Istambul só acontece s 21h.